Grafites trazem cor e alegria à “passarela do medo”


O “SÃO” São Paulo - Festival de Graffiti, uma ação que envolveu mais de 150 artistas urbanos, das 9h às 20h deste domingo, 1º/12, encheu de cores e imagens inspiradoras o quilométrico muro da Rua Capistrano de Abreu e a passarela sobre os trilhos da CPTM, que liga a Barra Funda Alta à Barra Funda Baixa, e vice-versa.
No que se refere à passarela, o sonho de consumo dos moradores das imediações é que ela seja revitalizada, de forma a dar uma sensação maior de segurança, de vez que ela é um verdadeiro bunker, o que facilita a ação de marginais contra quem se aventura a utilizá-la.
Normalmente malconservada e suja, a passarela que liga a Rua Luigi Greco à Rua Capistrano de Abreu, sobre os trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, na Barra Funda, tem motivado reivindicações por sua melhoria tanto da Paróquia de Santo Antonio da Barra Funda quanto da recém-criada Associação Barra Funda Viva.
Por isso, embora não seja o ideal, a intervenção artística na passarela foi muito bem recebida pelos moradores da região, pois deu um toque colorido e luminoso à chamada “passarela do medo”.
HOMENAGEM A ARTISTA DA BF O colorido evento foi uma justa homenagem ao artista Anderson Augusto, o “SÃO”, que morreu recentemente vítima de um câncer. Nascido em Ourinhos, no interior paulista, São se mudou jovem para São Paulo e se instalou na Barra Funda.
Na Barra Funda, ele e Leonardo Dellafuente fundaram o coletivo 6emeia. A dupla se destacou criando a tradição de fazer pinturas de bueiro, dando significados novos a espaços considerados pouco nobres para abordagens artísticas.
Além da grafitagem, o evento reuniu atrações com espaço para crianças com brincadeiras tradicionais comandadas pelo artista Thaís Librelon, ativista que tem atuado junto a arte urbana e ao resgate das brincadeiras tradicionais por meio de oficinas do Brincar.
O som foi outro ponto marcante do evento. A tenda dos DJ’s, na esquina das Ruas Souza Lima e Dr. Elias Chaves, animou o trabalho dos artistas e o público o dia todo. A picape foi comandada pelos D´s Julião Pimenta e Mocado (Prato do Dia), Rafa Passos, Naty Jakovac e Marie Mats.

ARTE COMEÇOU CEDO... O jornal digital da Barra Funda, o Barra News, acompanhou toda a movimentação e logo cedo registrou o início das primeiras intervenções. Entre elas, a da artista e professora de Arte, Jana Nohibi, que pretendia concluir seu grafite ainda de manhã, para, à tarde, participar de um concurso do Sesi, e do artista urbano Tché Ruggi, que veio da Vila Mariana, para deixar sua marca no muro de mais de mil metros da Rua Capistrano de Abreu.
A passarela não ficou totalmente coberta de grafites, mas boa parte de suas muretas ganharam desenhos. Como o trabalho a quatro mãos, retratando o caos urbano, de Larissa Ariani, de São Bernardo do Campo, no ABC, que pela primeira vez desenhava sobre um muro, e Raul Pinks, de Sorocaba, que mora há mais de 10 anos no Paraíso, em São Paulo, e é pintor de quadros há algum tempo.
Yasmin, que assina Yas, de Pirituba, deixou sua marca também na mureta da passarela, com a imagem de uma mulher usando uma máscara, para encarar a sociedade tóxica que vivemos.
Outro que deixou seus traços na passarela foi Leandro, que se assina Risco, é do bairro do Piqueri, e faz grafite há uns cinco anos. Ele costuma trabalhar com letras.
Marco, ou Clown.Arte, como ele assina suas obras, deixou seu recado num dos cantos da passarela: um palhaço triste, com sobrancelhas de melancia, cuja lágrima de um dos olhos escorria pelo calçamento. Artista urbano há mais de dez anos, fazendo jus ao Clown de sua assinatura, que significa palhaço em inglês, Marco costuma pintar esses personagens com um ar de tristeza. Segundo ele, porque os palhaços são criaturas obrigadas a dar alegria, independentemente de estarem felizes 
ou não.
...E FOI ATÉ A NOITE Saindo da passarela, já no muro da Capistrano de Abreu, Giovane Baffô, poeta e grafiteiro, concluía sua obra, já no fim da tarde de domingo. Segundo ele, o grafite que estava terminando seria um organismo tentando sobreviver ao governo atual, em meio ao desmatamento e tantos outros problemas. Com a mulher e duas filhas pequenas acompanhando seu trabalho, Baffô fez questão de destacar a memória de “São”, artista da Barra Funda homenageado no evento.
Outro que concluiu sua obra já no anoitecer de domingo foi Dedoth, que costuma pintar figuras com traços negros. “No início, via grafites mostrando pessoas brancas e não me identificava. Quando me iniciei na arte de rua, resolvi que ressaltaria tais aspectos nos meus trabalhos, como uma maneira de resistir e retratar o mundo e a cultura dos afrodescendentes”, explicou, destacando sua alegria em participar da homenagem a São, que ele não conheceu pessoalmente, mas sobre quem só ouviu elogios.
Durante o dia, em meio a feirinha de artesanato e outras atrações, o evento teve até o lançamento de uma cerveja artesanal, a Barra Funda Larger. O produto tem a assinatura de Fernando e Ricardo, do Deep Bar, que fica na Rua Barra Funda, 611. Sobre o assunto Barra News voltará a falar brevemente.  
Confira agora mais imagens do evento que agitou a Barra Funda no dia 1º de dezembro.





































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